data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Arquivo Pessoal
O assassinado da adolescente Ana Carolina Moraes, 12 anos, ainda causa indignação em Santana da Boa Vista. A menina foi morta depois de ser abusada sexualmente por um vizinho na última quarta-feira. Moradores da cidade organizam uma manifestação para homenageá-la no domingo.
A homenagem está marcada para iniciar às 14h. O grupo deve se reunir no trevo de acesso à cidade, e seguir em caminhada pelo centro em direção à Escola Média Estadual Jacinto Inácio, onde Ana Carolina cursava o 6º ano, para concluir as homenagens. Os moradores levarão flores, cartazes e balões brancos que serão soltos na escola.
Dois homens são mortos a tiros em Cruz Alta
A estudante Tamara Nunes, uma das organizadores, pede que todos usem máscaras e mantenham o distanciamento, como forma de prevenção ao coronavírus. Quem quiser, pode acompanhar o trajeto de carro ou moto.
- Desde o primeiro dia em que a comunidade soube do caso, teve uma revolta muito grande nas redes sociais. Embora seja impossível reverter a situação, ainda podemos pedir por justiça. Agora, ficamos sabendo que essa mesma pessoa já havia assediado outras mulheres e nada foi feito. Importante deixar um alerta para que as mulheres sempre confiem nas outras e contem sempre que souberem de casos assim - destaca a estudante.
Ana Carolina era nascida de Bagé e morava em Santana da Boa Vista há cerca de um ano com a mãe e o padrasto.
"MINHA FAMÍLIA ESTÁ EM PEDAÇOS"
A mãe da adolescente, Fernanda Moraes, publicou um relato emocionado em seu Facebook. Foi ela quem encontrou o corpo na residência do suspeito, após a demora da menina para voltar casa. Ela descreve a filha como companheira, cuidadosa e preocupada com a família.
"Sempre fui a mãe mais zelosa , não gostava que ela andasse sozinha, mas a cidade é tranquila né, todos se conhecem e as crianças costumam a andar sozinhas, 'porque a cidade é muito tranquila'... Sempre fui a verdadeira mãe leoa, brigava com qualquer pessoa que alterasse a voz pra minha Carolzinha, defendia ela com unhas e dentes, alguns achavam até exagero, mas como eu sempre dizia e era como eu chamava ela, minha vida, porque ela era minha Vida.
Agora estou aqui acabada, não tem palavras que possam expressar o tamanho da dor que eu tô sentindo. Ela era mais que minha filha, era minha companheira, cuidava de mim e se preocupava com todos da família. Minha família está em pedaços e eu sem saber da onde tirar forças."
O CASO
O assassinato aconteceu por volta do meio-dia de quarta-feira. Conforme relato da mãe e da delegada Débora Dias, responsável pelas investigações, a menina teria ido até a casa de uma costureira, que mora em uma casa próxima, para levar algumas roupas para serem customizadas, mas não encontrou a mulher. Na residência, estava apenas um jovem, de 29 anos, que seria familiar da costureira e é o principal suspeito do crime.
A mãe da adolescente desconfiou da demora da filha para voltar, já que as casas ficavam próximas, e decidiu ir procurá-la acompanhada de uma vizinha. Quando chegou em frente ao local, encontrou um par de tênis da menina na porta e acionou a Brigada Militar.
De acordo com a delegada, inicialmente, o suspeito disse para a mãe da vítima que a menina não estava na casa. Depois, ele permitiu a entrada dos policiais e da mãe, que encontraram o corpo da vítima dentro de um roupeiro em um dos quartos. A adolescente estava com um cachecol enrolado no pescoço e despida até os joelhos. A provável causa da morte é asfixia, mas somente os laudos periciais poderão confirmar. A menina teria ficado fora de casa por apenas 15 minutos.
O suspeito foi preso em flagrante e, posteriormente, teve a prisão preventiva decretada por feminicídio e estupro e foi encaminhado ao Presídio Estadual de Caçapava do Sul. Ele tinha passagens policiais por crimes de conotação sexual, como ato obsceno e ameaça, mas nunca havia sido preso.
*Colaborou Janaína Wille